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sábado, 23 de agosto de 2025

Precariedade e falsa autonomia: o que pesquisas da UFPB dizem sobre o trabalho de entregadores por aplicativo


 O trabalho mediado por aplicativos digitais tem mudado a dinâmica das relações de trabalho na América Latina e no mundo. Só no Brasil, conforme estudo do Cebrap, entre 2023 e 2024, estima-se que o número de entregadores tenha crescido em 18%, chegando a 455 mil. Muitos deles são seduzidos pela promessa de ter uma ocupação que garanta mais renda, flexibilidade e liberdade. Entretanto, as condições de trabalho que encontram são bem diferentes: longas jornadas, riscos de assalto, de acidentes e formas diversas de preconceito e humilhação. 

As relações com as  plataformas digitais também se mostram como uma adversidade. Submetidos a pressões, imposições e punições das plataformas, os entregadores, com muita frequência, se veem sem recursos para gerir os inevitáveis conflitos surgidos nas relações com clientes, restaurantes e, sobretudo, com os próprios aplicativos. Além disso, a renda por vezes é incerta e o rendimento líquido situa-se no nível do salário mínimo ou abaixo dele.

Essas foram algumas conclusões de um grupo de pesquisadores coordenados pelo sociólogo Roberto Veras, professor titular do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em estudos sobre os entregadores na América Latina, dentre outras técnicas de investigação, os pesquisadores aplicaram entrevistas semiestruturadas com entregadores em 11 cidades brasileiras, quatro argentinas, três colombianas e duas mexicanas, e com lideranças de entregadores e atores empresariais e governamentais envolvidos na área. 

Tendo atuado por cerca de duas décadas junto à Central Única dos Trabalhadores (CUT), assessorando nos processos de organização e formação sindical, nos níveis regional e nacional, a temática do trabalho sempre interessou a Veras. Se em um primeiro momento seus estudos giravam em torno do sindicalismo, à medida que a conjuntura nacional foi mudando, também o foi sua produção acadêmica. Depois de se voltar para o estudo da informalidade no trabalho, agora seu foco é entender como isso se relaciona à emergência do trabalho digital – o que o levou à pesquisa que coordena atualmente sobre trabalhadores de entrega por aplicativos em quatro países (Brasil, Argentina, Colômbia e México). 

“O projeto surgiu de uma inquietação, referida ao seguinte paradoxo: vivemos um contexto histórico, no país e no mundo, no qual o trabalho se mantém com cada vez maior centralidade na vida das pessoas, particularmente das classes trabalhadoras; entretanto, perde visibilidade do ponto de vista da agenda pública”, explica o sociólogo. “Ou seja, a crise do emprego e a precarização do trabalho faz com que a busca por uma inserção ocupacional minimamente digna se converta em uma luta permanente pela sobrevivência individual e pelo reconhecimento social; ao mesmo tempo, uma correlação de forças desfavorável ao trabalho, diante do capital, esvazia o debate público sobre o direito ao trabalho e à proteção social”, complementa. 

Em sua análise, Veras destaca a vulnerabilidade a que os entregadores estão sujeitos. Segundo os estudos que coordenou, os entrevistados provêm de uma trajetória laboral marcada pela precariedade estrutural – envoltos em situações como inatividade, desemprego, trabalho assalariado informal e trabalho por conta própria. 

Essa vulnerabilidade se mantém quando os entregadores ingressam no trabalho via aplicativo, considerando o grande desequilíbrio de poder entre eles e as plataformas. Afinal, as plataformas definem de forma unilateral os termos de adesão – que, além disso, mudam constantemente, sem que o entregador possa fazer muito a respeito. Isso, de certo modo, quebra a narrativa de autonomia tantas vezes propagandeada pelos aplicativos e alguns entregadores.  

Também contribui para a diminuição de possibilidades de autonomia a gestão algorítmica do trabalho, a qual permite que as plataformas estabeleçam as condições em que os entregadores realizam seu trabalho, além de exercer um controle rigoroso sobre ele, de natureza opaca, isto é, muito pouco transparente. 

Outro problema, conforme Veras, é o próprio modelo de negócios adotado pelas plataformas: “A imposição do trabalho sob demanda pressupõe a existência de grandes contingentes de trabalhadores disponíveis para atuar nas plataformas, mas sem serem remunerados pelo tempo em que estão disponíveis e não executam uma tarefa para as plataformas”, pontua. 

Resistência

Embora a rotina intensa de trabalho, a urgência por renda e a falta de tempo frequentemente sejam apontadas como barreiras para o envolvimento dos entregadores em atividades coletivas, as entrevistas com eles indicam a participação de muitos em greves, protestos e manifestações organizadas por sindicatos ou coletivos recém-formados. Além disso, mesmo aqueles que não participam diretamente reconhecem a importância da organização para a conquista de direitos.

“A experiência de luta e organização dos trabalhadores de plataformas tem se mostrado mais ativa entre os entregadores. De um lado, surpreende o fato de, sob tantas adversidades, como a atomização do trabalho e as jornadas excessivas, os trabalhadores demonstrarem tanta capacidade de luta e organização”, comenta o sociólogo, ressaltando, inclusive, os movimentos nacionais de greve, como o ocorrido em abril deste ano. 

Por outro lado, Veras destaca que ainda falta maior apoio dos sindicatos tradicionais aos entregadores, cujas organizações próprias são ainda muito incipientes, não tendo ainda uma base de negociação nacional e internacional com as empresas.

Regulamentação

O especialista comenta que, na América Latina, há três tipos principais de regulamentação em discussão no momento. O primeiro é o do modelo laboral clássico, com reconhecimento do vínculo empregatício. “Esse modelo se sustenta no reconhecimento de que há uma relação de subordinação e dependência econômica entre o trabalhador e a plataforma, o que configura vínculo empregatício nos termos do direito do trabalho tradicional. Ele parte da compreensão de que as plataformas controlam algoritmicamente o trabalho (rotas, avaliações, punições, renda), o que caracteriza subordinação digital. Esse modelo garante acesso integral aos direitos trabalhistas e previdenciários”, explica. Esse reconhecimento tem ocorrido eventualmente por meio de decisões judiciais em países como Colômbia, Argentina e Brasil.

O segundo modelo é a criação de um regime jurídico intermediário ou sui generis. “Dessa forma se criaria uma nova categoria legal de trabalhador por plataforma, com acesso parcial a direitos trabalhistas e previdenciários, mas sem vínculo formal de emprego. Isso implicaria uma alternativa flexível, reconhecendo a especificidade do modelo digital sem desproteger os trabalhadores. Permitiria contribuições sociais, proteção contra acidentes, seguro-desemprego, direito à organização coletiva, entre outros”, descreve Veras. Foi aprovada legislação nesse sentido no México, Chile e Uruguai. 

Conforme o professor, é uma lógica assim que orienta a proposta do grupo de trabalho do governo federal brasileiro, a qual propõe proteção previdenciária e remuneração mínima por hora, mas sem criar vínculo CLT. “Porém, uma medida assim pode cristalizar a precariedade, criando uma categoria de segunda classe. Isso abre margem para desresponsabilização das empresas e enfraquecimento da proteção social”, analisa. 

Por fim, há o modelo em vigência hoje no Brasil e na maioria dos países da região, que consiste na regulação fraca ou inexistente. Nesse modelo, os trabalhadores são reconhecidos como autônomos e, quando muito, busca-se garantir algumas proteções mínimas via contratos, contribuições facultativas ou acordos setoriais. “Essa situação não garante direitos fundamentais nem segurança mínima, além de reforçar a desigualdade e a informalidade estrutural no mercado de trabalho”, avalia. 

Reconhecimento

As pesquisas sobre entregadores são fruto de várias redes de estudos do trabalho no Brasil, das quais o professor faz parte, em destaque a Rede de Estudos e Monitoramento das Reconfigurações do Trabalho – REMIR TRABALHO, criada em 2018. Neste ano, essa atuação, inclusive, valeu a um grupo de pesquisadores coordenado por Veras o reconhecimento junto a um prestigiado edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que contemplou com R$9.685.081 o projeto da criação do Instituto de Ciência e Tecnologia “Trabalho, inclusão e equidade”. O projeto terá como objetivo o diagnóstico da situação do trabalho no Brasil e a proposição de recomendações fundamentadas de políticas públicas.

Aqui você pode ler um dos estudos produzidos por Roberto Veras. 

* * *
Texto: Hugo Bispo
Foto: Elidiane Poquiviqui e Freepik

Ascom/UFPB

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Policiais que atuavam como seguranças de Hytalo Santos são presos em operação do Gaeco


 Os policiais presos na manhã desta segunda-feira (18) em uma operação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), suspeitos de envolvimento com uma chacina no Conde, teriam atuado em ‘bicos’ como seguranças do influencer Hytalo Santos, preso na última semana. 

Operação Arcus Pontis, investiga uma suposta chacina que deixou cinco mortos em fevereiro deste ano, na Ponte do Arco, em Conde, Litoral Sul do estado. Segundo o Gaeco, foram cumpridos 12 mandados judiciais — seis de prisão temporária e seis de busca e apreensão — todos contra policiais militares suspeitos de participação no caso.

domingo, 17 de agosto de 2025

Vereador Guguinha relata ataque a tiros em João Pessoa: “Me abaixei no volante e acelerei”


 O vereador Guguinha (PSD) relatou os momentos de tensão vividos na noite deste domingo (17), quando teve seu carro metralhado em João pessoa. Ele saiu ileso.

Segundo o parlamentar, ele seguia em direção ao condomínio Greenville quando foi surpreendido pelos disparos. “Só escutei o primeiro tiro, me abaixei no volante, depois vieram outros. Acelerei, passei por cima da moto e segui em frente”, contou.

Durante a fuga, ele tentou ligar para o 190, mas o sinal estava fora de área. “Consegui falar com dois vereadores e fui para a Central. Cheguei muito nervoso, minha perna tremia. Um policial me ajudou a sair do carro”, relatou.

Guguinha disse não ter visto quem estava na moto, apenas notou o veículo ao lado do seu. “Foi tudo muito rápido. Não sei se era assalto ou tentativa de tirar minha vida. Nunca fiz mal a ninguém”, afirmou.

Questionado sobre possível motivação política, o vereador foi cauteloso: “Não sei se tem a ver com minha atuação”.

Guguinha é autor da proposta de CPI dos Postos de Combustíveis, que provocou embates recentes na Câmara de João Pessoa.

Ele confirmou que solicitou segurança e que o governador João Azevêdo (PSB) prometeu uma equipe especial para investigar o caso. “Foi Deus que salvou minha vida. Só tenho a agradecer por estar aqui”, finalizou.

DER-PB inicia nova etapa das obras no Viaduto Luciano Agra e anuncia interdição em Água Fria por 90 dias


 O Departamento de Estradas de Rodagem da Paraíba (DER-PB), com apoio da Polícia Rodoviária Federal, vai iniciar na próxima segunda-feira (18), às 10h, uma nova etapa das obras do Viaduto Prefeito Luciano Agra, em João Pessoa.


Para a execução dos serviços, será necessária a interdição temporária da Rua Diógenes Chianca, no bairro de Água Fria, no trecho que vai da Sucata do Edinho até a Prefeitura Municipal. A medida visa à construção de duas rotatórias que devem melhorar a fluidez e a segurança no trânsito da região. A previsão é que esta fase seja concluída em até 90 dias.


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Durante o bloqueio, será aberta uma alça provisória de acesso na BR-230 (sentido Cabedelo), por meio de uma abertura na defensa metálica, entre a descida do Viaduto Prefeito Luciano Agra e a subida do Viaduto do Cristo Redentor. O acesso alternativo permitirá ligação direta para os bairros José Américo, Mangabeira e regiões próximas.


O engenheiro e gestor da obra, Francisco Romário, explicou que a primeira rotatória será construída na Rua Diógenes Chianca (sentido Cabedelo) e facilitará o acesso de motoristas que saem dos bairros José Américo e Geisel para áreas como Cristo, Rangel e adjacências. A segunda rotatória fará o caminho inverso, garantindo mais opções de deslocamento e melhor distribuição do tráfego.


Em abril deste ano, o governador João Azevêdo liberou a parte superior do Viaduto Prefeito Luciano Agra para o tráfego de veículos. A estrutura, com 700 metros de extensão, possui três faixas de rolamento em cada sentido (Bayeux e Cabedelo) e passa sobre a BR-230, oferecendo mais segurança, conforto e fluidez para os motoristas.


A expectativa é que a obra beneficie diretamente mais de 825 mil habitantes da Capital e da região metropolitana.


 



Felca é ameaçado de morte, e Justiça manda Google quebrar sigilo de e-mail


 O plantão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou neste domingo (17) que o Google deve quebrar o sigilo de um usuário do serviço de e-mail da empresa que ameaçou de morte o youtuber Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca. A liminar foi emitida após pedido dos advogados de Felca.


Os e-mails com ameaças foram enviados neste sábado (16) e fazem referência ao vídeo no qual Felca denunciou o influenciador Hytalo Santos por exploração de menores de idade nos conteúdos que divulga nas redes sociais.


Os documentos do processo, que detalham as ameaças sofridas por Felca. Em um dos e-mails, enviado às 5h30 da manhã, o remetente diz “você acha que vai ficar impune por denunciar o Hytalo Santos”. A mensagem prossegue com ameaças: “Você tá enganado você vai ferrar muito sua vida”, “prepara pra morrer” e “você vai pagar com a sua vida”. Um segundo e-mail, enviado às 8h05 pelo mesmo remetente, reitera as ameaças.


O influenciador paraibano Hytalo Santos e o marido Israel Nata Vicente foram presos na última sexta-feira (15) após emissão de mandado judicial contra os dois. A prisão aconteceu nove dias depois da publicação do vídeo no canal de Felca no YouTube.


Na decisão deste domingo, o juiz Pedro Henrique Valdevite Agostinho determinou em caráter emergencial que a empresa Google Brasil Internet LTDA forneça em até 24h os dados de identificação vinculados à conta de e-mail usada para enviar as ameaças, “contemplando os IPs de acesso dos últimos 6 (seis) meses, portas lógicas de origem, data, hora, minutos, segundos e milésimos de segundos, bem como quaisquer dados cadastrais aptos a identificar o usuário responsável.”


A decisão estabelece também uma multa diária no valor de R$ 2 mil, caso a determinação não seja cumprida pela empresa, podendo chegar até o valor de R$ 100 mil.



Um ano após morte de Silvio Santos, o que mudou no SBT?

Há um ano, o Brasil acompanhava a morte de Silvio Santos, considerado um dos maiores comunicadores do país, aos 93 anos, em decorrência de broncopneumonia após infecção por Influenza (H1N1).


Dono de uma carreira que se estendeu por mais de 60 anos, Silvio não apenas encantou gerações de espectadores, como também movimentou o cenário midiático no Brasil, enquanto esteve frente à atrações tradicionais como Programa Silvio Santos, Topa Tudo por Dinheiro e Show do Milhão – todas transmitidas pelo SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), rede de televisão comercial aberta fundada por ele em 19 de agosto de 1981.


Com o falecimento do empresário, que, em seus últimos anos de vida, já vinha se afastando gradualmente de algumas funções, a emissora paulista passou por algumas mudanças. Uma delas foi a escalação fixa de Patricia Abravanel, 47, uma de suas herdeiras, ao comando do clássico Programa Silvio Santos. Já Rebeca Abravanel, 44, assumiu a apresentação do Roda a Roda; coube a Silvia, 54, então, ficar com o Sábado Animado.


Filha mais nova de Silvio, Renata, 40, entrou como presidente do Conselho do Grupo Silvio Santos, e Daniela Beyruti, 49, à frente da presidência do SBT, desde novembro de 2024.


Por dentro das mudanças estruturais no SBT e no Grupo Silvio Santos

Em outubro de 2024, pouco mais de dois meses após a morte do apresentador, o Grupo Silvio Santos anunciou a saída de José Roberto Maciel da presidência. Ele deu início aos trabalhos nas empresas de Silvio em 1998, e, em 2011, tornou-se CEO da emissora. Já em maio de 2022, assumiu o último posto. Hoje, Ana Karina Bortoni assume a tarefa.


Em novembro do mesmo ano, outro comunicado explicou a configuração da liderança dividida em três superintendências: Criação e Produção de Conteúdo (Leon Abravanel, sobrinho de Silvio – que ficou ate junho de 2025; hoje, Rinaldi Faria é o interino), Negócios e Comercialização (Vicente Varella) e Distribuição, Tecnologia e Serviços (Alfonso Aurin).



 

MP investiga permanência do filho de Renálida, a “pastora do PIX”, em mansão de Hytalo Santos; mãe pressionava adolescente a namorar meninas menores; veja


 Uma nova frente nas investigações envolvendo o influenciador paraibano Hytalo santos voltou a ganhar repercussão nas redes sociais. Vídeos disponíveis no YouTube mostram que o filho da conhecida " Pastora do pix, Renálida, teria morado por um período prolongado na mansão do influencer, em João Pessoa.

Na época, a decisão da pastora de deixar o adolescente sob os cuidados de Hytalo Santos foi alvo de duras críticas, mas mesmo diante da polêmica, ela manteve a escolha. Os registros confirmam que o menor, à época com 14 anos, permaneceu meses integrando o grupo que vivia na residência.

Um dos vídeos, intitulado “FILHO DA PASTORA RENÁLIDA | HYTALO SANTOS”, mostra a rotina do adolescente no local e sua convivência frequente com os demais moradores. Nas gravações, Um dos vídeos, intitulado “FILHO DA PASTORA RENÁLIDA | HYTALO SANTOS”, mostra a rotina do adolescente no local e sua convivência frequente com os demais moradores. Nas gravações, o jovem aparece sendo incentivado a se relacionar com meninas menores de idade. Em uma das cenas, a própria mãe o pressiona a assumir um namoro com outra adolescente, chamada Kamilinha. Em uma das cenas, a própria mãe o pressiona a assumir um namoro com outra adolescente, chamada Kamilinha.

Apurações do Ministério Público

Ministério Público da Paraíba (MP-PB) já apura a conduta de Hytalo Santos e também a responsabilidade dos pais de crianças e adolescentes que participam dos vídeos. O órgão investiga possível omissão na proteção e exposição indevida de menores, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Na última segunda-feira (11), o MP confirmou que as investigações não se restringem mais ao influenciador: os responsáveis legais pelos menores também passarão a ser investigados, ampliando o alcance da apuração.

Atuação limitada do Conselho Tutelar

Segundo a conselheira Socorro Pires, do conselho tutelar de Cajazeiras, há dificuldades em atuar em casos envolvendo influenciadores com suporte jurídico ou influência política. Ela explica que, na maioria das situações já identificadas, existe autorização expressa dos responsáveis para a participação dos adolescentes nos vídeos, o que restringe a atuação direta do Conselho.

O caso soma-se a outras denúncias contra Hytalo Santos, que já enfrenta medidas judiciais após relatos de vizinhos sobre festas com a presença de adolescentes, bebidas alcoólicas e cenas de conotação sexual.


Hytalo Santos participava de bailes do CV ao lado de líderes do tráfico no Rio de Janeiro, diz Metrópoles

 


Preso por integrar um esquema envolvendo tráfico de pessoas, exploração sexual de adolescentes, trabalho infantil artístico irregular e lavagem de dinheiro, o influencer Hytalo Santos também transitava, com desenvoltura, em eventos organizados pelo Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro, informa o jornal Metrópoles.

A coluna Na Mira teve acesso a um vídeo gravado no Complexo do Alemão, reduto do CV, durante o famoso “Baile da Escolinha”. O evento, usado para lavar dinheiro do tráfico, era realizado pelo traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, morto em 1º de junho deste ano.

Nas imagens, que teriam sido gravadas no início deste ano, é possível ver Hytalo dançando e interagindo de forma descontraída com Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio. O faccionado é investigado pela Polícia Civil do Rio Janeiro (PCERJ) acusado de atuar na lavagem de dinheiro para o Comando Vermelho. Índio seria próximo de Edgar Alves de Andrade, o Doca, um dos chefões do CV.

Deputado flagrado

O terceiro homem é o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias. Tiego, que se apresenta como design de joias em sua página no Instagram, ficou famoso por ter entre seus clientes celebridades como os jogadores Adriano Imperador e Neymar.

O parlamentar está na mira das autoridades por sua suposta relação com o crime organizado e proximidade com o CV. Condenado a 14 anos, 11 meses e 22 dias de prisão pela Justiça do Rio de Janeiro em 2022, chegou a passar quase dez meses atrás das grades, entre 2017 e 2018, e só pôde assumir o cargo por força de um habeas corpus que lhe permite apelar da sentença em liberdade.

TH Joias é acusado de lavar dinheiro para as três facções criminosas mais atuantes do estado do Rio de Janeiro: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigo dos Amigos (ADA). Ele ainda responde pelos crimes de corrupção ativa e organização criminosa.

Influencer do crime

O influenciador Hytalo Santos e o marido Israel Nata Vicente, conhecido como “Euro”, teriam papel de destaque em uma rede nacional de tráfico humano. O casal “compraria” crianças e adolescentes e logo depois os treinariam para participar dos canais digitais da dupla. O casal foi preso em Carapicuíba (SP), nesta sexta-feira (15/8), em ação que cumpriu ordens da Justiça paraibana. A dupla é investigada por tráfico de pessoas, exploração sexual de adolescentes, trabalho infantil artístico irregular e lavagem de dinheiro.

A coluna Na Mira apurou que Hytalo Santos teria utilizado uma rede de contatos para captar meninas e meninos nascidos em situações de vulnerabilidade socioeconômica. As vítimas seriam aliciadas, transportadas e exploradas sempre dentro de um contexto de exploração sexual, trabalho análogo à escravidão ou outras formas de servidão.


sábado, 16 de agosto de 2025

Na mira do MP, influenciador Hytalo Santos recebeu voto de aplausos da Assembleia

 


Na mira do Ministério Público pelo conteúdo dos vídeos publicados em suas redes sociais, que provocariam um processo de 'adultização' de crianças e adolescentes, o influencer ytalo Santos já foi homenageado pela Assembleia Legislativa da Paraíba. 

E não faz muito tempo. 

No dia 1º de Setembro do ano passado o deputado Júnior Araújo (PSB) apresentou um voto de aplausos para o influenciador. Dois dias depois, o requerimento foi aprovado pela 'Casa'.  

"O jovem Hytalo Santos é uma figura que, indiscutivelmente, representa uma inspiração para os jovens do nosso estado e de todo o Brasil, principalmente em razão de ter uma origem humilde e atualmente ser um indivíduo de sucesso, estando em destaque na mídia nacional não apenas pelo seu talento, mas também pelos feitos e ações sociais que realiza com frequência", diz a justificativa do voto apresentado. 

A propositura é mais uma que ilustra bem o nível de zelo e preocupação - para não dizer o contrário - dos deputados com votos de aplausos, homenagens e títulos de cidadania concedidos no Estado.  

Hoje Hytalo é alvo de uma apuração feita pelo MP, que busca identificar se as publicações feitas por ele, para milhões de seguidores nas redes sociais, expuseram crianças e adolescentes a situações proibidas pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). 

A conta do influenciador paraibano saiu do ar no Instagram, na sexta-feira (8), após um vídeo do também influenciador Felca, levantando suspeitas sobre a possível prática de exploração de menores. Ainda não se sabe se o fato de a conta estar fora do ar tem relação com a denúncia de Felca.

Hytalo é de Cajazeiras, cidade que é um dos redutos eleitorais de Júnior Araújo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Hytalo Santos é preso em São Paulo

 


O influenciador digital Hytalo Santos foi preso em operação conjunta realizada nesta sexta-feira (15), sob coordenação do Ministério Público da Paraíba (Gaeco) e com apoio do Ministério Público do Trabalho, Polícia Civil da Paraíba, Polícia Rodoviária Federal, Ciberlab/Senasp e Polícia Civil de São Paulo. Também foi detido Israel Nata Vicente, esposo do influenciador. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara da Comarca de Bayeux.

A investigação tem como foco os crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil, com atenção especial ao uso do ambiente digital para a prática dessas violações. As apurações seguem com rigor técnico e atenção à proteção das vítimas, especialmente crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

O Ministério Público alertou que vazamentos de informações sigilosas e ações civis paralelas têm comprometido a segurança da investigação e exposto as vítimas a novos riscos.

As instituições envolvidas reforçaram a necessidade de tratar o caso com responsabilidade, evitando a exposição indevida das vítimas e combatendo o sensacionalismo, dado o caráter grave e sensível da denúncia.

O MP destacou ainda que o tráfico humano no âmbito estadual é uma violação severa dos direitos humanos e que, embora menos visível que o internacional, provoca danos profundos nas comunidades locais.

Sousa ganha destaque na mídia nacional como o “Vale dos Dinossauros” brasileiro


 A cidade de Sousa, localizada no sertão da Paraíba, foi recentemente destaque em uma matéria publicada pelo site Viagem e Turismo, um dos principais veículos de comunicação especializados no setor turístico do Brasil. A reportagem ressalta a importância histórica, científica e turística do município, especialmente por abrigar o Vale dos Dinossauros, considerado um dos maiores sítios paleontológicos com trilhas fossilizadas de dinossauros do país.

A publicação, assinada pelo jornalista Maurício Brum, mostra como o município paraibano se consolida como um destino singular para o turismo científico e de natureza, ao reunir pegadas fossilizadas com mais de 130 milhões de anos, registradas em formações rochosas da Bacia do Rio do Peixe.

Para Ferdinando Lucena, presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), a divulgação de Sousa em um canal de comunicação nacional reforça o papel estratégico da promoção qualificada dos destinos paraibanos. “A visibilidade que a mídia especializada proporciona é fundamental para fortalecer destinos emergentes como Sousa e também impulsionar o turismo em regiões próximas, como a cidade de Cajazeiras. Esse reconhecimento amplia o alcance do nosso trabalho e contribui para o desenvolvimento integrado do turismo no interior da Paraíba”, destacou.

A secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba, Rosália Lucas, também celebrou o reconhecimento do destino em escala nacional. Segundo ela, a matéria ajuda ainda mais a consolidar a imagem de Sousa como um ponto de referência no turismo de base científica. “Sousa, no sertão da Paraíba, preserva um patrimônio paleontológico excepcional. Ver esse destino apresentando na mídia nacional é um sinal claro de que estamos no caminho certo ao investir na interiorização, na valorização e na promoção dos nossos atrativos únicos”.

Fernando Macena, secretário de Turismo de Sousa, destaca que a recente visibilidade na mídia nacional também é fruto de um trabalho conjunto de divulgação, realizado em parceria com a PBTur e a Setde, com o objetivo de promover as belezas da Cidade Sorriso. “Apesar de ser uma cidade de porte médio, Sousa vem ganhando destaque no cenário nacional, principalmente por seus diversos atrativos, em especial o Vale dos Dinossauros, como também as vinícolas, o açude de São Gonçalo, entre outros. Estamos preparados para receber turistas e visitantes, oferecendo uma ampla rede hoteleira e gastronômica. Aproveito para reforçar o convite: venham conhecer Sousa e se encantar com tudo o que temos a oferecer.”


Secom pb

Barata pode transmitir mais de 7 tipos de doenças, de diarreia a febre tifóide


 Baratas não são apenas incômodos domésticos: elas podem transmitir mais de sete tipos de doenças e agravar quadros de asma e rinite. Esses insetos carregam milhões de microrganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos, protozoários e ovos de vermes, que podem contaminar alimentos e superfícies ao circular por lixo, esgoto e restos de comida.

As mais encontradas no Brasil são a Periplaneta americana, maior e marrom-avermelhada, presente em esgotos e locais úmidos, e a Blattella germanica, menor e marrom clara, conhecida como paulistinha e frequentemente encontrada em cozinhas. Segundo Rodrigo Gurgel, professor de Parasitologia e Entomologia Médica da Universidade de Brasília (UnB), a Periplaneta americana apresenta maior potencial de transmissão de doenças por frequentar ambientes mais contaminados e carregar elevada carga bacteriana no intestino.

Formas de contágio

A ingestão de alimentos por onde a barata passou é a principal via de infecção, alertam especialistas. Pessoas alérgicas podem ter crises de rinite, sinusite, bronquite e asma, enquanto crianças, idosos e imuno suprimidos estão mais propensos a complicações graves.

Doenças transmitidas

Entre as principais doenças associadas às baratas estão:

  • Salmonelose e febre tifóide: infecções bacterianas causadas por Salmonella spp., provocando diarreia, febre e risco de complicações graves.
  • Diarreias: causadas por Escherichia coli e Shigella spp., gerando diarreia intensa, febre e dor abdominal, podendo levar à desidratação.
  • Hepatite A: vírus que afeta o fígado, causando icterícia (amarelamento da pele e olhos), fadiga e náuseas.
  • Rotavirose: virose comum em crianças, caracterizada por diarreia aquosa e vômitos.
  • Candidíase: infecção fúngica por Candida spp., que pode atingir boca, pele e trato genital.
  • Amebíase e giardíase: provocadas por protozoários (Entamoeba histolytica e Giardia lamblia), causando diarreia, dor abdominal e perda de peso.
  • Verminoses: como ascaridíase (Ascaris lumbricoides), tricuríase (Trichuris trichiura), ancilostomíase (Ancylostoma spp.) e teníase (Taenia spp.), afetando o intestino e a absorção de nutrientes.

Prevenção eficaz

Para reduzir riscos, especialistas recomendam manter a casa limpa, armazenar alimentos em recipientes fechados, eliminar acúmulo de lixo e vedar frestas e ralos. Dedetizações preventivas e barreiras físicas, como telas em portas e janelas, também ajudam a proteger a família, evitando contato com microrganismos perigosos

Gilberto Gil notifica padre que fez comentários preconceituosos contra Preta Gil


O cantor Gilberto Gil notificou extrajudicialmente, nesta quinta-feira (14/8), a Diocese de Campina Grande e o padre Danilo César, da Paróquia de Areial, por comentários sobre a morte de Preta Gil e declarações consideradas preconceituosas contra religiões de matriz africana. O episódio gerou repercussão nacional, provocou indignação de entidades religiosas e motivou a abertura de inquérito policial, com o sacerdote sendo investigado por intolerância religiosa.

De acordo com nota da equipe do cantor, a notificação exige uma retratação pública e formal pelo canal da paróquia, onde a missa foi transmitida, destacando que, passados mais de 15 dias do ocorrido, não houve manifestação pública ou contato com a família para reparar as ofensas. Gil também solicita a apuração e responsabilização eclesiástica do padre, com aplicação de medidas disciplinares no prazo de dez dias úteis.

A Diocese de Campina Grande informou ao g1 que o padre Danilo César prestará todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes. Até o momento, o sacerdote não foi localizado para comentar a notificação.

Durante a homilia, o padre afirmou: “Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz… Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”.

Conforme a notificação de Gil, o sacerdote desqualificou religiões de matriz africana, chamando-as de “forças ocultas” e expressando desejo de que “o diabo levasse” seus praticantes. O documento ressalta o desrespeito ao luto da família e à memória de Preta Gil, configurando violação à liberdade religiosa — crime previsto no Código Penal, com pena de dois a cinco anos. A gravidade aumenta pelo fato de a fala ter ocorrido durante função sacerdotal, o que poderia influenciar fiéis a atitudes de intolerância.

O episódio ocorreu no dia 27 de julho, durante missa na cidade de Areial (PB), no 17º Domingo do Tempo Comum, período litúrgico da Igreja Católica. Na homilia, o padre falava sobre pedidos de fiéis a Deus que não seriam atendidos e associou a morte de Preta Gil, vítima de câncer colorretal nos Estados Unidos, à fé da cantora em religiões afro-indígenas.

A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria classificou as declarações como ofensivas e registrou boletim de ocorrência por intolerância religiosa. Outros dois boletins foram feitos pelo mesmo motivo. Testemunhas estão sendo ouvidas e o padre ainda será interrogado. O inquérito policial tem prazo inicial de 30 dias, mas pode ser prorrogado conforme necessidade da investigação.