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sábado, 21 de setembro de 2024

Fuga de cérebros na Argentina: cientistas deixam país por falta de financiamento


 Renomados cientistas argentinos estão fazendo as malas para deixar o país. O impacto do corte de financiamento dos últimos meses “desencadeou a decisão de migrar para Espanha no início deste ano”, diz Pablo Manavella à CNN Español.

Manavella é bioquímico, doutorado em Biologia, e foi contratado pelo Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC), organismo público espanhol do Ministério da Ciência, Inovação e Universidades, no âmbito de um programa de atração de talentos internacionais para continuar seus estudos de moléculas de RNA em plantas.

Alejandro Díaz-Caro é pesquisador em computação quântica. Há uma corrida internacional entre países para serem os primeiros a desenvolver um computador quântico de tamanho convencional. Seu estudo é teórico e há também pesquisadores que se dedicam a ramos mais aplicados. Em poucos dias, ele se muda para a França, convocado por uma entidade estatal para continuar o seu trabalho.

Na Argentina, o único assistente de doutorado de Díaz-Caro pago por entidades públicas ficou sem financiamento. “Minhas opções são parar de pesquisar e ir todos os dias ao centro científico com uma placa para reclamar ou sair do meu país e continuar pesquisando no exterior”, afirma. Ele escolheu o segundo plano.

Mas, além do desfinanciamento, denuncia-se que a receita para o Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (Conicet) está sendo reduzida, e as baixas por demissões, aposentadorias ou mortes, que estimam em cerca de 400 postos, também não foram repostas.

Semanas atrás, o presidente da Argentina, Javier Milei, acusou a comunidade científica de fazer parte do “partido estatal”, da “casta”. “Eles acreditam que ter uma qualificação acadêmica os torna seres superiores e por isso todos devemos subsidiar a sua vocação.”

E os desafiou: “se vocês acham que sua pesquisa é tão útil, convido vocês a irem ao mercado, como filho de qualquer vizinho, fazerem pesquisas, publicarem um livro e verem se as pessoas se interessam ou não, em vez de se esconderem horrivelmente atrás de a força coercitiva do Estado”.

María Laura Romero é doutora em Letras e relata o exigente processo para se candidatar à carreira de pesquisadora do Conicet.

“Para se candidatar é preciso ser doutor ou pós-doutorado, inclusive. Especificamente na licenciatura em Artes, é necessário ter cerca de 10 publicações em revistas científicas do grupo 1, que é a categoria mais elevada. Entrei quando tinha 18 anos”, disse ela.

Atualmente, Romero faz parte dos 833 selecionados para a chamada de 2022 que, desde setembro de 2023, aguardam implementação.

Jorge Geffner é membro da comissão Raicyt. É doutor em Bioquímica, pesquisador sênior do Conicet e se dedica a estudar a cura da AIDS. Em conversa com a CNN Español ele diz que o desfinanciamento é agravado pela crise salarial.

“O que está acontecendo é muito triste. Cientistas argentinos são recrutados em todo o mundo porque são muito bons”, afirma Pablo Manavella.

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